Jesus ou Yeshua?

 

Ambos! 

Nós utilizamos ambos!

Yeshua pois é como o Messias era chamado em seu idioma nativo, o hebraico, e tem um significado especial de: salvação e libertação de YHWH (Deus), literalmente: YHWH-salva ou YHWH-liberta.

Jesus porque é como o Messias ficou conhecido na transliteração para o nosso idioma, o português, mas também no inglês (o idioma mais falado no mundo) e diversos outros! Da mesma forma que muitas vezes transliteramos nomes de grandes personagens históricos por exemplo: Martinho Lutero, o qual seu nome vem do idioma alemão: Martin Luther ou de lugares como Jerusalém no qual em hebraico a pronúncia é: Yerushalaim. E por isso para facilitar o nosso estudo e aprendizado utilizamos ambos!

- Por que o nome "Jesus" ficou mais conhecido ou popular no mundo do que o nome "Yeshua"?

Embora o próprio Jesus tenha nascido em Belém na Judeia, e onde os principais idiomas falados pela sua comunidade fossem o hebraico e o aramaico, aquela região e boa parte do mundo "civilizado" estava dominado pelo Império Romano, o qual o principal idioma era: o latim.

Então em resumo, o nome "Jesus" seria algo como a "latinização" do nome "Yeshua"? 

Sim, mas antes de ser "latinizado", ele foi "helenizado"! 

O termo "helenismo" vem do grego "Ἑλληνισμός" (Hellēnismós), que originalmente significava "imitação dos gregos" ou "modo de vida grego". Ele foi usado para descrever a difusão da cultura grega após as conquistas de Alexandre, o Grande, no século IV a.C. O conceito foi popularizado pelo historiador alemão Johann Gustav Droysen, no século XIX, para definir o período em que a cultura grega se misturou com influências orientais, criando um mundo mais integrado. Esse período, chamado de Período Helenístico, durou até a ascensão do Império Romano.

Mas embora o idioma do Império Romano fosse o latim, a influência da cultura grega (ou helenistica) era muito forte naquela região e no mundo todo, a maior prova disso é que em algumas comunidades religiosas judaicas guardavam manuscritos em hebraico, aramaico e grego; para saber mais, pesquise sobre: 

  • Os Manuscritos do mar Morto; 
  • O livro de Sirácida (escrito hebraico por Ben Sirá e traduzido pelo próprio neto para o grego);  
  • A Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) utilizada por comunidades judaicas.
  • Dentre outros diversos livros que comunidades judaicas sempre utilizaram não apenas em hebraico ou aramaico, mas em diversas linguas como por exemplo o próprio inglês.

Lembrando que próprio Novo Testamento foi escrito, preservado e compartilhado pelos primeiros discipulos que eram judeus, como o apóstolo Shaul, que tinha cidadania romana e seus escritos eram principalmente em grego, e nesses textos gregos o nome Yeshua comumente era escrito (transliterado) como: Ἰησοῦς (Iēsous). A transliteração para Ἰησοῦς segue padrões fonéticos gregos, já que o grego não possui um som equivalente ao "sh" do hebraico. Além disso, a terminação "-ς" foi adicionada para se adequar à gramática grega, que frequentemente usa essa forma para nomes masculinos. 

Mais explicações?! Leia aqui:

Nos manuscritos gregos, o nome Yeshua era transliterado como Ἰησοῦς (Iēsous). Essa forma grega deriva do hebraico ישוע (Yeshua), que é uma versão abreviada de יהושע (Yehoshua), o nome de Josué no Antigo Testamento.

A transliteração para Ἰησοῦς segue padrões fonéticos gregos, já que o grego não possui um som equivalente ao "sh" do hebraico. Além disso, a terminação "-ς" foi adicionada para se adequar à gramática grega, que frequentemente usa essa forma para nomes masculinos.

A explicação é amplamente aceita por estudiosos da filologia bíblica e da linguística.

Vamos detalhar os pontos:

  1. Origem Hebraica: O nome de Jesus no hebraico e aramaico (línguas faladas na região na época) era de fato Yeshua (ישוע). Este é um nome comum no período do Segundo Templo.

  2. Relação com Yehoshua: Yeshua é, sim, uma forma abreviada (ou contraída) de Yehoshua (יהושע). Ambos os nomes significam "YHWH salva" ou "YHWH é salvação". Yehoshua é o nome de Josué no Antigo Testamento, e o nome do sumo sacerdote Josué (Jeshua) em livros pós-exílicos como Esdras e Neemias é a forma Yeshua.

  3. Transliteração para o Grego (Ἰησοῦς - Iēsous):

    • Ausência do som "sh" (שׁ): O grego koiné (o grego do Novo Testamento) não possuía um som equivalente ao "sh" hebraico. O som mais próximo era o sigma (σ), que resultou em "s".
    • Adaptação de Vogais: As vogais também foram adaptadas para se encaixarem nos padrões fonéticos gregos. O e em Yeshua se tornou ē (eta) ou i (iota), e o u (uau) se tornou ou (omicron-upsilon).
    • Terminação "-ς" (sigma final): Esta é uma característica gramatical crucial. Nomes masculinos na segunda declinação em grego frequentemente terminam em  no nominativo singular. A adição dessa terminação era necessária para que o nome pudesse ser declinado e usado corretamente na gramática grega. Sem essa terminação, o nome pareceria incompleto ou não gramatical para um falante de grego.
  4. Contexto Histórico: Esta transliteração é consistente com a forma como outros nomes hebraicos foram transliterados para o grego na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento) e em outros textos gregos da época. Por exemplo, o nome hebraico Elias (אֵלִיָּהוּ - Eliyahu) tornou-se Elias (Ἠλίας - Hēlias) em grego, e Moisés (מֹשֶׁה - Moshe) tornou-se Moisés (Μωϋσῆς - Mōysēs).


Mas no caso ao invés de "Iesous" a transliteração "Iesuas" não seria a mais correta?

Não, a transliteração Iesuas não seria a mais correta no contexto grego para adaptar o nome hebraico Yeshua. A forma Ἰησοῦς (Iēsous) é a transliteração gramaticalmente e foneticamente correta adotada no grego koiné.

Vamos entender por que "Iesuas" estaria incorreto:

  1. Gramática Grega (Declinações):

    • O grego é uma língua altamente flexionada, e os substantivos e nomes mudam de forma (declinação) dependendo de sua função na frase (nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo).
    • A terminação "-ς" (sigma) no final de Ἰησοῦς o coloca na segunda declinação masculina, o que é um padrão muito comum e gramaticalmente correto para nomes masculinos em grego.
    • Se fosse "Iesuas", o "-as" final não se encaixaria em um padrão de declinação comum e gramaticalmente correto para nomes masculinos de origem hebraica como "Yeshua" no nominativo singular. Nomes masculinos que terminam em -ας são de uma declinação diferente e não se aplicariam aqui para a adaptação de "Yeshua" no nominativo. Por exemplo, o nome hebraico "Judas" (Yehudah) se torna "Ioudas" (Ἰούδας) em grego, que segue um padrão específico, mas "Yeshua" não se encaixaria nesse mesmo padrão com "-as".
  2. Adaptação Fonética:

    • Como mencionado, o grego não tem o som "sh". A adaptação para "s" é a mais próxima e foneticamente natural para o grego.
    • As vogais também foram adaptadas. O "ua" final em Yeshua se torna "ous" em grego. A transição de "u" (ou waw) para "ou" é comum (como em "Moshé" -> "Mōysēs", onde o "s" é adaptado). O "s" final é o nominativo.

A forma Ἰησοῦς (Iēsous) é a transliteração estabelecida e historicamente comprovada que se encontram em milhares de manuscritos gregos do Novo Testamento, da Septuaginta, e em outras obras históricas e literárias da época. Ela demonstra como os falantes do grego daquele período adaptavam nomes estrangeiros à sua própria fonologia e gramática de forma consistente.

Qualquer outra transliteração como "Iesuas" seria uma construção artificial que não reflete os padrões linguísticos do grego antigo e não seria encontrada nos textos originais.

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